Unidade de Cloro/Soda da Braskem é conhecida como ‘Rainha da Sucata’

É como os trabalhadores chamam a unidade de processamento de cloro da Braskem UCS-AL. Não que as condições nas demais unidades estejam melhores. Longe disso. Escolher a mais sucateada é tarefa difícil. Mas a de cloro merece mesmo o título de Rainha da Sucata. Entre as áreas da unidade de cloro, há casos, como o da área 248C, a chamada bacia de emergência, aonde são (mal)tratados os efluentes da fábrica, que chamar de sucata chega a ser elogio. Aquilo é o verdadeiro império da gambiarra. Nada funciona como deveria.  O operador trabalha dobrado e saí tonto de tanto cheirar vapores ácidos e alcalinos. Sem contar o Deus-nos-acuda que é quando um representante do IMA (Instituto do Meio Ambiente)  chega para inspecionar a área. 

 Mas o descaso na unidade de cloro não se limita às áreas de tratamento de efluente. Onde se dá a produção o desmazelo também corre solto. Só para termos uma ideia da gravidade da situação, basta saber que uma manobra de risco tornou-se rotina nas áreas 225 e 325. A manobra consiste na pressurização do sistema dos referverdores de cloro, os mesmos equipamentos que protagonizaram os trágicos acidentes de 2011. No início havia dois modos de executar a manobra: com e sem emoção. No modo com emoção, apenas um ROI (Responsável por Operações Industriais) se metia a besta de pressurizar o sistema. Inclusive, não foram poucas às vezes que esse cidadão foi chamado em casa, já madrugada velha, para impedir a tragédia de reduzir a carga da fábrica, ainda que em risco de sua segurança, da dos demais trabalhadores e da comunidade do entorno. Já no modo sem emoção a operação era feita por um operador sênior mesmo, mas o efeito ficava a desejar.

Com o passar do tempo, a manobra foi se banalizando, o “pulo do gato” foi passado para os operadores.  A manobra passou a se repetir ao menos duas vezes por turno, sem a necessidade de chamar ROI algum.  Não que o risco tenha deixado de existir. Claro que não. É que, ao que parece, a gente não acredita que as coisas aconteçam até que elas aconteçam. Foi bem assim em 2011. O Sindipetro AL/SE fez apelos, denunciou, protocolou ofícios, e nada. Os gerentes da Braskem insistiram em sua conduta irresponsável em relação a segurança e quem bancou a fatura da negligência  foram os trabalhadores. Agora mais uma vez a vida é posta em risco em detrimento do lucro dos Odebrechet. Mais uma vez sistemas de segurança são ignorados a fim de evitar a redução de produção.  Interessante notar que o dispositivo de segurança, constantemente desativado para dar condições de realizar a pressurização do sistema, foi uma garantia dada pela própria Braskem ao MPT (Ministério Público do Trabalho) como prova de aumento da segurança da planta. 

O Sindipetro AL/SE orienta os trabalhadores da área de cloro a utilizar o direito de recusa. Pois estamos diante de um notório caso de trabalho perigoso. Além disso, quando a desgraça acontece, a culpa sempre é jogada nas costas dos trabalhadores.  Ao passo que orientamos nossos companheiros, exigimos da gerência da Braskem em Alagoas respeito pela vida dessas pessoas. Basta de brincar de fazer segurança.

UCS da Braskem em Maceió
Crédito: Cada Minuto

Fonte: Sindipetro AL-SE

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